Mindfulness é a nova moda dos Millennials?
Mindfulness é a nova moda dos Millennials?
Não, é uma prática antiga e uma tendência crescente na Gestão de Recursos Humanos
Tempo de leitura: ~ 9 min.
Atualmente existe uma curiosidade genérica e saudável em relação ao Mindfulness mas, cada vez mais notamos por parte das empresas e profissionais de Recursos Humanos interesse nas práticas de Mindfulness no local de trabalho.
No entanto, apesar de alguns já falarem sem sombra de dúvida acerca deste tema e até já apregoarem os seus benefícios, existe ainda muita confusão em relação a este conceito e ao que é, de facto, Mindfulness. E, por isso, é aqui mesmo que iremos começar antes de partir para a relevância e benefícios no local de trabalho, entre as equipas e até para a liderança.
O que é isto do Mindfulness?
O Mindfulness, considerado ao nível individual, é uma tomada de consciência ativa do seu estado mental, focando-se no aqui e no agora. O seu objetivo, em primeira instância, é que cada um de nós consiga reconhecer e aceitar pacificamente as suas sensações, sentimentos e emoções num dado momento, podendo haver como que uma libertação das nossas inquietações passadas ou futuras. É isto que vai abrir caminho para os restantes benefícios, como uma perceção diferenciada do ambiente e das pessoas que nos rodeiam, mas já avançaremos para isto.
Tenho noção que, para alguns (que já reviraram os olhos só ao ler esse-tal-estrangeirismo de Mindfulness) isto pode parecer, à falta de melhor expressão, nada de novo e muito óbvio. De facto, nada disto é novo, esta é uma prática que já existe há milhares de anos e com benefícios comprovados.
Contudo, no mundo atual e no contexto dos nossos hábitos e rotinas diárias, devemos igualmente reconhecer que muito do nosso tempo é vivido em «piloto automático».Quem é que nunca teve a experiência de chegar a casa ou ao escritório sem se lembrar exatamente como chegou lá? Não porque não nos lembramos realmente, mas porque estávamos em «modo piloto automático» e assim só temos uma perceção vaga daquilo que nos rodeia.
Os dois fatores que mais comummente nos levam a estar em «piloto automático» podem ser o hábito e o aborrecimento, isto ou porque já estamos tão familiarizados com uma rotina que já a poderíamos fazer «de olhos fechados», ou porque consideramos algumas partes do nosso dia enfadonhas, o que acontece com muita frequência se considerarmos um dia-tipo. E, é aqui que pode haver algo surpreendente!
Esta consciência plena do momento presente é, então, o primeiro passo para reconhecer a importância do Mindfulness, isto é, tentar ver aquilo que não é tão óbvio como possa inicialmente parecer. Perceber o quanto não estamos conscientes de nós mesmos e, possivelmente, que isto pode decorrer na maioria do nosso tempo (acordado), facilita extraordinariamente a compreensão das nossas próprias atitudes, pensamentos, emoções e sensações. Consequentemente, pode ajudar-nos a ter um melhor entendimento das pessoas que nos rodeiam e que, de um modo geral, podemos assumir que se encontrarão na mesma condição, enriquecendo a nossa relação uns com os outros num todo. É imprescindível que tenhamos uma curiosidade constante e uma mente de principiante com todos os eventos que nos chegam.
Creio que fica mais transparente o motivo pelo qual esta é uma prática que está a despertar o interesse de muitas empresas e profissionais da área de RH. Os benefícios do Mindfulness para o bem-estar individual dos colaboradores, bem como para o funcionamento harmonioso entre colegas, equipas e liderança tornam-se evidentes.
Esta será, na minha opinião, uma aposta imprescindível para as organizações, especificamente para os Departamentos de Recursos Humanos que procuram formas mais conscienciosas de garantir a vida saudável no local de trabalho. Nos próximos anos será uma tendência incontornável e, como todas as tendências que eventualmente se tornam incontornáveis, quem liderar o caminho em termos de formação top-to-bottom e a implementação transversal deste tipo de práticas, irá criar um ponto de distinção muito forte em relação a quem «entrar na onda» mais tarde.